Se tem um assunto que estourou a bolha das redes sociais e invadiu o debate público nos últimos dias, é o vídeo publicado pelo influenciador Felca, que denuncia casos de adultização infantil e pedofilia na internet.
A repercussão foi tão grande que chamou a atenção de autoridades, mobilizou a mídia e levou milhares de pessoas a discutirem os riscos e responsabilidades no ambiente digital. Entre os relatos e investigações, nomes como o influenciador Hytalo Santos também foram mencionados, o que reforçou a gravidade e urgência do tema.
Apesar de ter começado como uma pauta nas redes sociais, o assunto ultrapassa o universo online. Ele chega às casas, às escolas e também às empresas, afinal, muitos colaboradores são pais, mães ou responsáveis por crianças e adolescentes que estão expostos a conteúdos, comportamentos e contatos perigosos na internet.
Neste contexto, a adultização infantil não se resume à exposição sexualizada de crianças. Ela inclui também a pressão para que adotem comportamentos, estéticas e discursos próprios da fase adulta antes da hora, muitas vezes impulsionada por tendências digitais e influenciadores.
Para saber como a sua empresa pode abordar o tema com responsabilidade, leia abaixo:
Por que as empresas devem falar sobre adultização infantil?
Embora pareça algo que só diz respeito à família, mas a proteção de crianças e adolescentes é uma responsabilidade coletiva. Empresas que investem em comunicação interna têm uma oportunidade valiosa de orientar seus colaboradores, reforçar cuidados e contribuir para um ambiente social mais seguro para crianças e adolescentes.
Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, 83% das crianças e adolescentes que usam internet no país têm contas em redes sociais. Isso significa que a imensa maioria está exposta a interações e conteúdos que nem sempre são adequados para a faixa etária. E não para por aí: 29% dos jovens de 9 a 17 anos relataram ter passado por situações nas redes das quais não gostaram ou que os deixaram chateados.
Além do conteúdo impróprio, há outra preocupação crescente: o tempo de exposição às telas. Dados do Datafolha mostram que 4 em cada 10 responsáveis se preocupam com o excesso de telas na infância, mas apenas 38% consideram o tempo atual adequado. Esse cenário demonstra que, embora exista consciência, ainda há um grande desafio em transformar preocupação em ação.
No ambiente de trabalho, esses dados podem servir como ponto de partida para campanhas internas de conscientização, com dicas práticas sobre como monitorar, orientar e proteger crianças e adolescentes no ambiente digital.
1. Crie campanhas internas de conscientização
Quando o assunto é sério, como a adultização infantil, não dá para falar uma vez só e esperar que a mensagem se espalhe sozinha. É preciso planejar campanhas internas que tenham começo, meio e fim, com um tema central e várias peças que conversem entre si.
A ideia aqui é pensar e agir estrategicamente, por meio de vários canais para explorar a mensagem. Murais físicos e digitais, e-mails bem trabalhados, cartazes com imagens fortes (mas responsáveis), vídeos institucionais e até ações presenciais.
A campanha pode durar uma ou duas semanas, mas com impacto suficiente para gerar conversas nos corredores e nos chats em grupo. Vale incluir informações como:
- Sinais de alerta que pais e responsáveis devem observar;
- Orientações para evitar exposição excessiva nas redes sociais;
- Dicas sobre como buscar apoio em casos suspeitos.
Como a empresa pode ajudar: produza um pacote completo de comunicação com diferentes formatos e espalhe pelos canais internos. Assim, a mensagem chega a todos os colaboradores e fica claro que o assunto é prioridade para a organização.
2. Promova palestras e rodas de conversa
Nada substitui a troca ao vivo com quem entende do assunto. Convidar psicólogos, pedagogos, especialistas em segurança digital e advogados que atuam com crimes virtuais pode trazer informações preciosas para os colaboradores.
As palestras ajudam a explicar o impacto da adultização infantil no desenvolvimento das crianças e como pequenas mudanças no dia a dia podem fazer diferença. Já as rodas de conversa permitem um diálogo mais próximo, com perguntas diretas e relatos que aproximam o tema da realidade de cada família.
Como a empresa pode ajudar: ofereça encontros presenciais e online, grave o conteúdo e disponibilize para quem não pôde participar. Assim, a informação continua acessível mesmo depois do evento.
3. Produza conteúdos curtos com foco em prevenção
A gente sabe que o dia a dia é corrido e nem sempre sobra tempo para parar e ver uma palestra inteira ou ler um texto longo. Por isso, vale apostar em conteúdos curtos e diretos, que entreguem a mensagem na hora. Um vídeo de 1 minuto, um post com dicas rápidas ou um infográfico bem visual podem fazer toda a diferença.
Para falar sobre adultização infantil, você pode criar pequenas séries com temas como:
- 5 sinais de que seu filho pode estar sendo exposto a conteúdos inadequados;
- Como configurar a privacidade nas redes sociais;
- Quanto tempo de tela é saudável para cada faixa etária;
- Por que não expor imagens de crianças na internet.
O bom desse formato é que ele funciona em qualquer lugar. Na TV corporativa, no app interno, no e-mail… E como são rápidos e fáceis de consumir, aumentam as chances de que a mensagem chegue a todo mundo.
Como a empresa pode ajudar: monte um calendário simples, com um tema por semana, e espalhe essas pílulas de conteúdo nos canais que a sua equipe já usa. Assim, o assunto não se perde e fica sempre em evidência.
4. Incentive o detox digital e atividades fora das telas
A redução do tempo de exposição às telas é um passo essencial para combater a adultização infantil.
Incentivar os pais a promoverem momentos de desconexão ajuda a abrir espaço para brincadeiras, atividades ao ar livre e experiências que estimulem a criatividade manual.
Brincadeiras de rua, jogos de tabuleiro, oficinas de artesanato, leitura e esportes em família são exemplos de atividades que fortalecem vínculos e desenvolvem habilidades sociais e cognitivas de forma saudável. Além disso, oferecem um contraponto positivo à rotina digital intensa que muitas crianças vivenciam.
Como a empresa pode ajudar: crie campanhas internas com dicas de desafios offline para colaboradores fazerem com seus filhos. A TV corporativa pode exibir ideias de brincadeiras e a empresa pode até organizar eventos internos que incentivem famílias a se envolverem em atividades coletivas presenciais.
A importância de agir agora
A adultização infantil não é uma tendência passageira. É um fenômeno que se intensifica com a popularização das redes sociais e o fácil acesso à internet. Sem orientação, crianças e adolescentes ficam vulneráveis a conteúdos e interações prejudiciais, que podem impactar seu desenvolvimento e segurança.
Empresas que assumem o compromisso de abordar o tema não apenas ajudam na proteção das famílias de seus colaboradores, mas também fortalecem sua reputação como organizações responsáveis e comprometidas com causas sociais.
Comunicar, nesse caso, é um ato de cuidado. E quando o cuidado começa dentro do trabalho, ele se expande para a vida pessoal e para toda a comunidade.
Para acompanhar outros temas da atualidade que não podem ficar de fora do calendário de ações da sua empresa, siga-nos no Instagram e no Linkedin.