Se os conceitos e as boas práticas de marketing e endomarketing se cruzam o tempo todo, nada mais justo que o storytelling na comunicação interna destaque-se como um forte aliado dos profissionais que buscam formas menos óbvias de se comunicar com os colaboradores.
Afinal, no fim do dia, a comunicação interna é uma tentativa de fazer com que as pessoas absorvam, compreendam e se conectem com o que a empresa representa.
E poucas metodologias fazem isso tão bem quanto contar uma boa história!
Imagine que você precisa comunicar uma mudança radical aí na sua empresa.
Pode ser uma revisão completa do código de vestimenta, mas também pode ser a adesão obrigatória ao modelo presencial, a troca de liderança de um setor estratégico ou até a implementação de um novo sistema que muda totalmente a forma como o time trabalha no dia a dia.
Agora, supomos que você tenha duas saídas: enviar um comunicado genérico que ninguém vai ler ou transformar tudo isso e uma história impossível de ser ignorada.
Neste artigo, você vai aprender o que é storytelling na comunicação interna, por que usar e como essa estratégia pode ser aplicada no dia a dia da sua empresa.
Boa leitura:
O que é storytelling na comunicação interna?
O storytelling na comunicação interna é a arte de contar histórias de um jeito que chama a atenção e toca as pessoas como nenhum comunicado interno genérico conseguiria.
Em poucas palavras, em vez de recorrer ao clichê de transformar qualquer aviso, campanha ou mudança em um conteúdo frio e impessoal, você vai utilizar as mesmas informações para criar narrativas que todo mundo gosta de acompanhar e fazer parte.
Mas atenção! O storytelling na comunicação interna não deve ser confundido com um truque para disfarçar uma decisão difícil ou um tópico sensível, tá? Pelo contrário, ele existe para dar contexto, explicar o porquê das coisas e aproximar as pessoas da verdade, não escondê-la.
Por que usar storytelling na comunicação interna?
Se no marketing o storytelling é usado para criar e contar histórias que aproximam a marca dos clientes, por que não adotar a mesma técnica para engajar os clientes internos da empresa, ou seja, os colaboradores?
Separamos 5 dicas valiosas de como transformar simples acontecimentos em histórias muito mais marcantes:
1. Conte histórias que engajam e geram conexão
Do mesmo modo que nos conectamos com uma série, um livro ou um filme, o storytelling na comunicação interna só funciona quando provoca aquele friozinho na barriga, cria expectativa e dá aquela vontade de sair por aí contando para todo mundo o que acabou de ler ou assistir.
Isso quer dizer que empresas que contam histórias reais, com os aprendizados, as conquistas, os desafios e os erros, criam um ambiente onde todos sentem-se gratos por fazerem parte daquela trama, sabe? É a máxima do senso de pertencimento!
Bem diferente daquele conteúdo genérico, feito por IA — nada contra, o problema é quando o trabalho fica 100% nas costas de um robô e o profissional nem se dá ao trabalho de revisar o que foi gerado —, cheio de termos técnicos e por aí vai.
2. Construa uma marca humanizada
O que nos leva ao próximo item da lista: criar e fortalecer a ideia de que a sua marca, — no caso, a sua empresa — não se resume a produto ou serviço, mas sim a algo muito maior, capaz de gerar desejo, inspiração e vários outros sentimentos nas pessoas.
Isso quer dizer que os valores da sua empresa e tudo o que ela acredita não devem ficar escondidos na página “Quem somos” do site. Eles precisam aparecer em cada história contada, em cada experiência vivida e no modo como a empresa se expressa.
3. Facilite em vez de complicar
Mas nem tudo são flores. Toda empresa precisa comunicar temas espinhosos, seja uma mudança estrutural, a revisão de um processo importante ou a adoção de um novo sistema que vai afetar o trabalho de todo mundo.
No entanto, existe um abismo de diferença entre despejar informações muito complexas no colo dos colaboradores, repletas de termos técnicos, esperando que haja entendimento, e traduzir tudo isso em uma história que faça sentido no dia a dia de quem será impactado por aquela mudança.
Isso quer dizer que, ao aplicar o storytelling na comunicação interna, você deixa de informar só para cumprir tabela e passa a entregar mensagens mais didáticas, contextualizadas, que reduzem ruídos e ajudam as pessoas a entenderem o que está acontecendo.
4. Crie conteúdos e comunicados que as pessoas queiram consumir
Sejamos sinceros: muitos colaboradores só leem comunicados por obrigação.
Contudo, quando a empresa adota o storytelling na comunicação interna, o ato de consumir essas informações muda da água para o vinho.
Em vez de ler um aviso ou comunicado só porque a alta liderança ou o RH mandou, o próprio funcionário tomará a iniciativa de se atualizar, pois ele sabe que existe toda uma intenção por trás daquela narrativa — desde o ambiente, passando pelos personagens até chegar no canal em que aquela história foi compartilhada.
Portanto, se você é designer, redator ou qualquer outro profissional envolvido na criação de conteúdo para comunicação interna, lembre-se de que as suas referências e gostos pessoais não podem vir à frente das necessidades do público interno, uma vez que são os colaboradores que precisam se reconhecer e se conectar com o que você produz.
5. Reforce a cultura e os rituais da empresa
Algumas empresas são mais despojadas, outras assumem uma postura mais conservadora, e ainda existem aquelas que vivem no meio-termo.
Independentemente da cultura, todas têm algo em comum: o storytelling na comunicação interna ajuda a traduzir essa identidade no o dia a dia, deixando claro quem a empresa é e como ela quer ser vista pelos colaboradores.
Como aplicar o storytelling na comunicação interna?
Agora que você já sabe como o storytelling na comunicação interna pode mudar a forma como a sua empresa se conecta com as pessoas, chegou a hora de mergulhar na parte prática e descobrir como transformar informações aparentemente simples em histórias muito mais criativas e envolventes.
6. Baseado em fatos reais
Quando essa frase aparece antes do filme, a expectativa vai de 0 a 100 em um estalar de dedos. O mesmo precisa ocorrer com as narrativas da sua empresa, que devem fisgar o público interno com recortes de uma realidade da qual ele faz parte e se identifica.
Em vez de inventar situações que não existem e ilustrá-las com imagens de banco que não refletem nem as pessoas, tampouco os desafios e a cultura da empresa, ouça o que as pessoas têm a dizer, participe das conversas, perceba os sotaques, os jeitos e as dinâmicas.
Conhecer bem quem trabalha com você é o que permite construir histórias autênticas, cheias de camadas, principalmente, que realmente conectam.
7. Os colaboradores como protagonistas
Você já se identificou com um personagem em cena? Seja pelo seu visual, seu jeito de agir, pensar, resolver conflitos… Pois bem, é possível alcançar essa identificação por meio do storytelling na comunicação interna, desde que a história contada represente diferentes perfis e reflita a diversidade e os contextos da sua empresa.
Com isso em mente, não há motivos para buscar exemplos fora, quando os próprios colaboradores oferecem uma riqueza de bagagens, estilos e personalidades que, por si só, deixam qualquer história muito mais atrativa e autêntica.
Como fazer isso na prática?
- Mostre quem viveu a mudança e como ela foi recebida;
- Destaque quem venceu um desafio e achou uma solução criativa;
- Conte a jornada de quem aprendeu algo novo ou cresceu profissionalmente;
- Reforce iniciativas que surgiram espontaneamente entre equipes;
- Reconheça histórias que refletem valores da empresa no dia a dia.
8. Líderes como guias, não como vilões
É comum que, em momentos de crise ou decisões delicadas, os líderes sejam vistos como os vilões da história, quando na verdade não é bem assim. Nessas situações, mostre a liderança como facilitadora, ou seja, aquela pessoa que está ali para ajudar no que for preciso, mesmo em meio aos desafios.
Como humanizar a liderança?
- Conte histórias sobre decisões difíceis e por que elas foram tomadas;
- Mostre vulnerabilidade! Líderes também aprendem, erram, ajustam, etc;
- Traga os bastidores que revelam a intenção por trás da mudança;
- Mostre líderes escutando, acolhendo e construindo junto;
- Utilize falas reais, depoimentos e visões pessoais.
9. Explore diferentes gêneros narrativos
Se o cinema, a literatura e a televisão utilizam diferentes gêneros para despertar emoções, por que a comunicação interna deveria se limitar a um único estilo?
O segredo é identificar qual narrativa faz mais sentido para o momento da empresa — e, claro, para o público interno que será impactado por aquela história.
Conheça alguns caminhos possíveis:
- Jornada do Herói: perfeita para contar histórias de superação, seja de um colaborador, de uma equipe ou de um projeto que superou vários desafios antes de sair do papel;
- A Montanha: excelente para mostrar avanços progressivos, aprendizados, erros e acertos até chegar ao objetivo final;
- Crônica do Cotidiano: episódios do dia a dia no ambiente de trabalho que mostram atitudes e exemplos que a empresa valoriza;
- Brand Storytelling: reforça valores e identidade da empresa, mostrando como eles se manifestam em atitudes e decisões reais;
- Case de Sucesso: ideal para transformar projetos internos em narrativas inspiradoras que mostram o antes, o durante e os resultados atingidos;
- Documental: funciona muito bem para temas de ESG, impacto social, sustentabilidade ou histórias que envolvem vários personagens e pontos de vista;
- Tom de Aventura: ótimo para comunicar inovação, lançamento de novos produtos, mudanças profundas ou capítulos que representam uma “virada de chave”;
- Humor leve: funciona em culturas descontraídas, ajudando a aproximar as pessoas de temas sensíveis sem pesar o clima.
10. Número sem história não emociona ninguém
Um número por si só pode até gerar impacto, mas nada se compara ao apelo emocional de uma história bem contada, com reviravoltas e um final feliz. Antes de exibir um indicador importante, construa o clima: crie tensão, desperte a curiosidade e mostre o caminho que foi percorrido antes de chegar lá.
Assim, a empresa contribui para que aquela conquista não caia no esquecimento, mas se transforme em um marco, isto é, algo que as pessoas lembram, comentam e reconhecem como resultado de um trabalho em equipe.
Em vez de só mostrar o resultado final, conte:
- Como aquele número foi alcançado;
- Quem participou da conquista;
- Que desafios surgiram e como foram superados;
- Como o time se sentiu durante o processo;
- Que impacto isso trouxe para o cotidiano das pessoas.
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Já deu para perceber que toda empresa tem uma história à espera de ser contada (e pessoas curiosas para ouvi-la, é claro)!
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