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Precisamos falar sobre o Machismo no Ambiente Corporativo

O machismo no ambiente corporativo não é um assunto novo, muito pelo contrário. O tema vem sendo discutido regularmente, principalmente por empresas que vêm adotando culturas organizacionais inovadoras pautadas na diversidade e igualdade de gênero. O objetivo de empresas assim é construir um ambiente de trabalho mais igualitário.

Mas para saber identificar e abrir discussão acerca do assunto é necessário estar ciente dos seus principais indícios:  

  • Interrupções enquanto mulheres falam (manterrupting);
  • Explicações óbvias dadas a elas (mansplaining);
  • Ideias roubadas (bropriating);
  • Falta de Crescimento e respeito.

São atitudes que diversas vezes não conseguimos identificar facilmente. Uma vez que vivemos em uma sociedade que reproduz a todo tempo este tipo de preconceito, acabamos por naturalizar tais atitudes.

Já existiu um momento no qual as organizações ficaram intactas, como se fossem deuses no Monte Olimpo, plenas do poder que exerciam. Hoje, as empresas são muito mais cobradas pelos seus stakeholders e, por isso, passaram a promover outras discussões e a adotar posicionamentos novos.   

No decorrer deste artigo, vamos compreender como sua empresa pode fortalecer a cultura organizacional e cessar, de uma vez por todas, com o machismo no ambiente corporativo.

Como o machismo afeta as mulheres no ambiente de trabalho?

Primeiro, é importante estarmos cientes de que o machismo nem sempre acontece de forma explícita e com atos de grandes proporções. Ao contrário, ele acontece principalmente nos pequenos atos e quase sempre de forma velada. Com isso, muitas vezes acaba passando despercebido, pois sua sutileza contribui para que acabe se tornando cada vez mais constante.

Entender como o machismo afeta as mulheres de forma mais ampla também é um início para abrir discussões acerca do tema:

  • Aqui no Brasil, existem 35,5 milhões de mulheres com 11 anos de estudo ou mais, em comparação a 28,7 milhões de homens. Em contrapartida, a diferença salarial entre homens e mulheres ainda é de 27,1%, em média;
  • Enquanto 49% dos homens de 15 a 29, contra apenas 35% das mulheres da mesma idade estão empregadas formalmente, as mulheres ainda têm que lidar com o fato de que no intervalo de 10 anos (2000-2010) o valor médio do salário das mulheres diminuiu 3,2% e o dos homens aumentou em 2%;
  • A evolução do preço das ações de empresas com mulheres em cargos altos foi em média 26% melhor do que as exclusivamente masculinas, mas ainda assim, apenas 14% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres. Entre as lideranças, só 23% do total são mulheres.

 Fonte: Central das Mulheres

As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos, sempre lutaram para ocupar lugares que somente homens ocupavam e, apesar do progresso conquistado, ainda há um longo caminho para percorrer. Segundo informações do Fórum Econômico Mundial (FEM), somente no ano de 2095 é que iremos de fato atingir a igualdade de gênero. 

O bom é que não precisamos esperar até 2095 para começarmos a implementar políticas contra o machismo dentro de nossas organizações e com isso, mudar um pouco o cenário. Porém, antes é preciso entender como atitudes machistas acontecem no ambiente de trabalho

machismo no local de trabalho

Atitudes machistas mais recorrentes no ambiente corporativo:

Interrupções enquanto uma mulher fala (manterrupting);

O termo Manterrupting é uma junção de “man” (homem) com “interrupting” (interrompendo). É a situação onde um homem interrompe a fala de uma mulher várias vezes em uma mesma conversa. Na maioria das vezes a interrupção é tamanha que ela não consegue concluir seu raciocínio.

Explicações óbvias dadas a elas (mansplaining);

Essa talvez seja a atitude machista mais comum dentro das organizações. O Mansplaining é uma mistura de dois termos em inglês: “man” (homem) e “explaining” (“explicando”). Simplesmente, se refere à situação em que um homem começa a explicar algo para uma mulher, na maioria das vezes sem necessidade. De maneira geral, o homem chega subestimando a capacidade de compreensão da colega de trabalho.

Para ilustrar, isso pode acontecer quando um homem tenta ensinar coisas óbvias para uma mulher, ou ainda quando o homem pretende explicar para a mulher, algo em que ela possui muito mais conhecimento.

Ideias roubadas (bropriating);

Bropriating é um termo formado pela junção do prefixo bro (de brother, aqui no sentido de “cara”, como na gíria) e appropriating (apropriação). Acontece quando um homem rouba a ideia de uma mulher e age como se fosse dele. Geralmente essa situação chega acompanhada do “Manterrupting”.

Falta de crescimento e respeito;

Segundo o Portal de Economia do G1, três em cada 10 pessoas no Brasil (27%) admitem que se sentem desconfortáveis em ter uma mulher como chefe. A resistência a mulheres líderes é maior entre os homens, alcançando 31% deles – enquanto 24% das trabalhadoras no Brasil pensam da mesma forma sobre serem lideradas por alguém do mesmo sexo.

Esse tipo de pensamento só dificulta e cria barreiras no âmbito de promoções a cargos maiores e crescimento de mulheres no mercado de trabalho. Elas também são menos respeitadas no trabalho, uma vez que homens costumam ser considerados naturalmente líderes e são respeitados como chefes por darem ordens, enquanto as colegas recebem a pecha de mandonas ao liderar uma equipe em vista tão somente de darem ordens e distribuírem tarefas.

A procura por construir um ambiente de trabalho mais equânime, justo e saudável, tem feito com que gestores e profissionais de Recursos Humanos reforcem políticas de combate ao machismo na cultura organizacional das empresas

Como sua empresa pode ajudar a combater o machismo no ambiente profissional?

Apesar dos avanços obtidos por mulheres nos últimos anos, no mundo corporativo ainda há muito o que avançar, ainda mais quando o assunto é o machismo no trabalho. O machismo é um dos preconceitos mais presentes no Brasil e para combatê-lo é necessário que as empresas se envolvam no debate.

A boa notícia é que a procura por construir um ambiente de trabalho mais equânime, justo e saudável, tem feito com que gestores e profissionais de Recursos Humanos reforcem políticas de combate ao machismo na cultura organizacional das empresas. Uma cultura organizacional forte pode, sim, questionar, acusar e reter o machismo.

Não é algo simples de se fazer, mas é possível. O profissional da gestão de pessoal precisa estar realmente engajado com a causa. Só assim, conseguirá trabalhar a cultura organizacional e alinhá-la aos norteadores estratégicos da organização para institucionalizar o combate ao machismo.

Perceba a que nível sua empresa está aberta à questão da equidade de gênero

Organizações que são mais fechadas a questões de inclusão costumam ter um grau maior de resistência interna à progressão de mulheres. Neste caso, abrir discussões e implantar gradativamente políticas voltadas à igualdade de gênero poderá modificar a cultura organizacional de forma mais progressiva. Com isso, a tendência é obter uma melhor aceitação da nova cultura a ser implantada.

Empodere suas colaboradoras

Abrir diálogo e conscientizá-las sobre como agir em caso de machismo é uma boa ideia para conter o preconceito dentro da organização. Sem falar que essa estratégia reflete também na forma como suas colaboradoras irão se sentir dentro da organização, promovendo a autoconfiança das mesmas.

Promova debates acerca do assunto

Maior presença de debates sobre equidade de gênero nas empresas e questões salariais podem trazer grandes resultados, como aumentar a consciência da importância de se ter mais mulheres em cargos de liderança.

Por fim, é importante que os profissionais de Recursos Humanos ou de Gestão de Pessoal reflitam sobre a equidade de gênero como promoção do bem-estar organizacional e que conscientizem chefes e líderes. Devemos pensar que políticas de igualdade de gênero só acontecem de forma efetiva quando envolvem o coletivo.

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